terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Prefeito e vice de Capelinha estão em pé de guerra


Em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, antigos aliados brigam na Justiça pelo comando da prefeitura




A população de Capelinha, município de 35 mil habitantes no Vale do Jequitinhonha, vive um momento de indefinição política. Em pouco mais de dez dias o prefeito, Pedro Vieira (PSDB), renunciou, e a vice, Hedy Lamar Cordeiro (PV), assumiu o cargo. A posse dela, no entanto, foi anulada pela Mesa Diretora da Câmara de Vereadores no dia seguinte. Para tentar permanecer no poder, a vice conseguiu um mandado de segurança, mas o prefeito, que nega ter renunciado, obteve uma liminar para manter o cargo. Hedy Lamar deve recorrer da decisão.

A briga pelo comando da prefeitura de Capelinha estaria centrada em um acordo informal entre Pedro Vieira e o antecessor dele, Gelson Cordeiro (PSDB), irmão de Hedy Lamar. Pelo suposto acordo, o atual prefeito ficaria no cargo por dois anos e depois renunciaria para que a vice-prefeita assumisse.

A “dança das cadeiras” na prefeitura começou no último dia de 2010. O então presidente da Câmara, Valdir Gomes (PPS) e os vereadores Cabo Rocha (PV) e Gedalvo Fernandes (PMDB), receberam na Casa a suposta carta de renúncia de Pedro Vieira e homologaram o pedido do prefeito. Com a vacância do cargo, empossaram a vice-prefeita Hedy Lamar. Nenhum dos outros seis vereadores compareceu à sessão.

No dia seguinte, os vereadores Laerte Santos, Cleuber Luiz e Zezinho da Vitalina, todos do PR, assumiram a Mesa Diretora da Casa e anularam a posse da vice-prefeita e a homologação da renúncia de Vieira, alegando que a assinatura do documento de renúncia não condizia com a do prefeito.

O assessor do prefeito, Weliton Vitor, afirma que a suposta carta de renúncia não era de Pedro Vieira e que o prefeito entregou documento aos vereadores no dia 18 de dezembro negando os boatos de que deixaria o cargo e desautorizando qualquer pessoa a representá-lo em um eventual pedido de renúncia.

O vereador Cabo Rocha se defende. Diz que a renúncia do prefeito foi “clara” e que por isso a “Câmara cumpriu a lei”. De acordo com ele, todos os vereadores foram convocados e a reunião teve mais de 60 pessoas e lista de presença. “Não precisava de quórum. O prefeito não veio se defender”, afirma. Para Rocha, Vieira “se arrependeu” da renúncia.

Hedy Lamar entrou na Justiça contra a decisão da Câmara, mas teve o pedido negado. Ela recorreu em Belo Horizonte e obteve um mandado de segurança. Pedro Vieira, porém, conseguiu derrubar o mandado e recuperar liminarmente a cadeira de prefeito.
A vice-prefeita ficou no cargo entre os dias 7 e 13 de janeiro e chegou a nomear os vereadores Valdir Gomes e Gedalvo Fernandes – dois dos três presentes à sessão em que a posse dela foi homologada – como secretários municipais.

Acordo teria definido renúncia previamente

Em 2008, Gelson Cordeiro era o candidato a prefeito de Capelinha, mas renunciou à candidatura três dias antes da eleição. Pedro Vieira, que era o candidato a vice, assumiu a titularidade da candidatura e a irmã de Gelson, Hedy Lamar, entrou na chapa como vice. Gelson teria combinado com Vieira a divisão do mandato: o atual prefeito nos dois primeiros anos, e Hedy Lamar no restante. Para selar o combinado, Vieira teria assinado uma carta de renúncia, supostamente a mesma que foi entregue ao vereadores dia 31 de dezembro.

Nas eleições deste ano, Gelson Cordeiro e Pedro Vieira desentenderam-se quanto ao apoio a candidatos a deputado. Cordeiro apoiou Carlaile Pedrosa e Vieira aliou-se a Paulo Abi-Ackel, ambos do PSDB. A briga teria levado Vieira a desistir do acordo.

O prefeito Pedro Ferreira não foi encontrado na prefeitura, nem pelo celular. Hedy Lamar atendeu à reportagem mas, ao ser informada da matéria, alegou que a ligação estava ruim e desligou o telefone. Os vereadores Valdir Gomes, Gedalvo Fernandes, Cleuber Luiz e Zezinho da Vitalina estavam com os celulares desligados. Já Laerte Santos está viajando.

Em 2009, o ex-prefeito Gelson Cordeiro foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver o valor atualizado de R$ 319.820,87 aos cofres da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Ele não prestou contas dos recursos recebidos para executar melhorias sanitárias no município. Das 80 unidades sanitárias previstas só foram construídas 14. Cordeiro também foi multado em R$ 5 mil.

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