segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A UFVJM é nossa: correspondência com o reitor Pedro Angelo

Postado no Blog Onhas



A recente notícia da construção de dois campi’s da UFVJM em cidades do Norte de Minas ( Janaúba e Unaí) provocou indignação de blogueiros (as), artistas, movimntos culturais e estudantes e tantos outros segmentos sociais do Vale do Jequitinhonha. Assim, nasceu o movimento “A UFVJM É Nossa!”, em defesa da ciação de novos campus da universidades em cidades polos de nossa região (Minas Novas/Capelinha; Araçuaí/Itaobim; Almenara/Jequitinhonha/ Pedra Azul). Recentemente uma de nossas lideranças correspondeu com o Reitor Pedro Angelo, a fim de levar à ele nossas reivindicações. Com a devida autorização, publicamos abaixo uma das correspondências assinadas por Maria do Rosário Sampaio, Pesquisadora FUNDACENTRO/MTE; PPGSS/UERJ e FAPERJ(dout.). Na sequencia também publicamos a resposta do reitor.

Senhor Reitor :
A questão do Movimento Social e os pólos : a Sociedade Civil  do Vale do Jequitinhonha formada por cidadaos (as) eleitores (as) está neste momento , como é do seu conhecimento, indignada com a ” política pequena ” praticada em torno da instalação  dos  pólos da Federal  DO JEQUITINHONHA  em cidades fora de seu território , as quais possuem pólos universitário  publico em detrimento das suas próprias ainda sem nenhum ,vem ,respeitosamente , verificar se o publicado no Jornal  Hoje em Dia corresponde à verdade : em pequena nota ,o referido jornal  informa a sua visita para escolher terrenos para sediar polo em Janaúba.Assim, a decisão  estaria tomada embora haja nota em pagina da UFVJM dizendo que nao …
A questao politica : Como é sabido, há pulverização  de votos em todo o Vale do Jequitinhonha.A  movimentação de deputados tentando tirar o que é de direito do Vale pode explicar a referida pulverização  : Nenhum deles nunca fez nada pelo Jequitinhonha e quando o Vale pode ter um avanço,os políticos entram para lhe retirar direitos.
Neste momento,sao muitos os deputados que fazem jogo duplo.Afinal ,há mais votos no Vale do que em Janaúba ou Unaí .Ademais ,qual a vantagem política de levar pólo universitário para onde estes já existem? Em Unai, o comentário é que nao se explica tamanha inversão de valores .. Para eles,isso nao significa muito.Para o Vale do Jequitinhonha ,o significado é outro : lá nao existe pólos e a questão social se agrava justamente porque nao os tem.Os profissionais de outra regiões nao querem residir para além de Diamantina e o território do Vale chega até a fronteira da Bahia …
Assim, cremos que toda esta questão em torno dos pólos pode-se resolver pela via mais justa ou numa política favorável aos que são do  Vale : o que aparenta ser amargo,poderá ter outro sabor se usarmos a nossa perspicácia política a la Maquiavel.Por que nao impedir que deputados que nao conhecem a região possam captar votos em cima de um dilema que V.Sa enfrenta sozinho?Melhor que seja um candidato que more no Vale .
Enfrente-os , seja o candidato  do Jequitinhonha ( ou indique alguem do CONSU que queira ser envolvido) .Esta é boa bandeira e o lugar vazio que permite a pulverização de votos ,seria ocupado pelo David em sua luta contra o Golias .
Nos nao queremos ser usados para eleger deputados que amanhã somem da regiáo e é justamente isso que os deputados desconhecidos se dedicam a fazer… 
OBS.Este comunicado foi uma decisão do grupo que coordena as ações  do Movimento “A UFVJM é nossa!”. Eu,como uma das lideranças, concordo  com o mesmo e penso que a luta e revolta em todo o Vale é justíssima.Necessário esclarecer que nasci no Jequitinhonha ,moro em BH , sou pesquisadora do Ministério do Trabalho e Emprego e faço  doutorado no  Rio de Janeiro.Nao tenho nenhum interesse pessoal envolvido ,o mesmo ocorrendo com as demais lideranças do Movimento.
Cordialmente, 
Maria do Rosário Sampaio 
FUNDACENTRO-MTE
Pesquisadora CRMG 
 PPGSS/UERJ 
Resposta do Reitor Pedro Ângelo 
“Prezada Maria do Rosário,
 Inicialmente agradeço pela mensagem e, sobretudo, pelas considerações, no entanto, muito do aposto na sua mensagem é passível de considerações e contestações. Sendo hoje, sábado, tenho mais disponibilidade para discutir esses pontos.
Deve ser esclarecido, a priori, que Unaí e Janaúba não dispõem de polos universitários nem de IFETs e não consigo compreender o que seria ”o comentário é que não se explica tamanha inversão de valores. Para eles, isso não significa muito”. Estive sim em ambas as cidades e, para tanto, obtive a autorização do CONSU, pois mesmo que os campi de Unaí e Janaúba não sejam vinculados à UFVJM, serão implantados por outra IFES sediada em Minas Gerais. Essas cidades, como não poderia deixar de ser, estão em festa e exultantes, pois um campus universitário chega com um enorme potencial de progresso e desenvolvimento para a região onde se instala. Dizer que essas cidades não merecem esses campi seria um contrassenso, considerando que, cada uma, congrega mais 70 mil cidadãos mineiros estando também em áreas tradicionalmente esquecidas pelo poder público estadual e federal. A necessidade de visitar as cidades e terrenos para a implantação dos respectivos campi deve ser vista pela urgência das decisões e encaminhamentos caso o CONSU decida, na sua reunião de 7 de outubro vindouro, pela incorporação desses campi à UFVJM, pois disporemos de apenas 8 dias para apresentar o Pré-Projeto dos mesmos.
Quando você diz que “Para o Vale do Jequitinhonha, o significado é outro: lá não existe polos e a questão social se agrava justamente porque não os tem. Os profissionais de outra regiões não querem residir para além de Diamantina e o território do Vale chega até a fronteira da Bahia …”, não concordo apenas com a primeira parte da assertiva, pois certamente o significado desses campi para Unaí e Janaúba é fundamentalmente o mesmo. Ora, mas isso não tira o direito dos Vales receberem outros campi, especialmente o médio e baixo Jequitinhonha e isso já alertei e discuti com o Secretário da SESu-MEC, informando desse direito do povo dos vales, do dever e compromisso do Governo com essas populações, ocasião que antecipei a ele dos desdobramentos da autorização de implantação de novos campi excluindo os territórios do nordeste mineiro. Ora, pergunto se o Governo houvesse anunciado os campi de Unaí e Janaúba vinculados à UFMG, p. ex., sem qualquer outro campus para o Estado de Minas Gerais, quem ou quantos dos nossos vales teriam se manifestado contra a decisão ou pela não inclusão de um campus nos nossos territórios?? Quando muito um ou outro resmungaria, na tradicional acomodação e autocomiseração do nosso povo de que mais uma vez fomos esquecidos!! O povo dos vales perdeu uma chance maior de implantação de campus em várias cidades (no mínimo, Araçuaí, Almenara e Nanuque) por ocasião da implantação do REUNI, quando foram implantados mais de uma centena de campus Brasil-afora (desses, mais de uma dezena em Minas Gerais) e não vimos qualquer mobilização do povo ou dos políticos da região ou sequer um protesto.
Estive na cidade de Jequitinhonha no dia de ontem, conversei com o prefeito Roberto e visitei um terreno para a implantação de um Campus Universitário nessa cidade. Estaremos na SESu-MEC na 3. feira próxima e esperamos convencer o secretário a atender a essa solicitação justa e inadiável. A mobilização do povo do vale, especialmente os movimentos sociais, é crucial para o bom termo dessa luta, dessa reivindicação.
Sobre a questão da tradicional política brasileira versus a organização político-social dos vales, desde que aqui cheguei, nos idos do final da década de 70, temos um quadro algo similar: o povo e suas lamúrias com expressivo conteúdo de autocomiseração sendo “compensado” por benefícios pequenos e pontuais, enquanto os grandes investimentos são direcionados para outras regiões do Estado. É fácil reconhecer que houve algum progresso nos últimos anos, especialmente durante a primeira década do século 21, com a organização de alguns Movimentos Sociais, no entanto, trabalham, ainda, de forma isolada ou pouco agregada. O movimento-associação UmVale é um alento: se transformado em organização efetivamente Unitária que defina e elabore projetos de políticas públicas prioritárias REGIONAIS, incluindo questões de acessos, moradia, arranjos produtivos locais e regionais, desenvolvimento econômico focado nas potencialidades, organização do ensino fundamental, médio e superior com a perspectiva de educação continuada, aí sim teremos uma Sociedade Civil  do Vale do Jequitinhonha formada por cidadãos eleitores que elegem seus representantes segundo um projeto consolidado de desenvolvimento regional, projeto esse supra-partidário e muito além da ” política pequena” que perpetua as oligarquias (forjada na plutocracia) e mantem esse Brasil de muitos brasis, ressaltado pelas desigualdades regionais, intra-regionais e pela forte desigualdade social.
Bom, sobre a proposta de assumir um cargo eletivo, agradeço o reconhecimento e, sem falsa modéstia, creio que seria capaz de exercer as funções com zelo e competência, no entanto, a política partidária vai muito além dessa capacidade e, os outros atributos necessários, não creio que os domine para fazer valer uma candidatura e vencer uma eleição. Indicar um candidato  da Academia, residente no Jequitinhonha, em face do viés plutocrático, creio que essa boa bandeira será alçada apenas quando a Sociedade Civil  do Vale do Jequitinhonha fechar questão em torno de um projeto consolidado de desenvolvimento regional supra-partidário.
Atenciosamente,
Pedro Angelo
A UFVJM È Nossa! Apoie essa causa assinando a abaixo assinado que será entregue ao conselho universitário da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. (Link Para o Abaixo Assinado)

Um comentário:

  1. Nota i000,para Rosárra Sampaio.Que mesmo não morando mais no vale do Jequit,dele não esqueceu.Se todos como você defendece o vale,supria as lacunas deixadas pelos nossos políticos.Nas eleições para deputados e senadores última,pelos boatos,passaram por capelinha mais de 30 candidatos faiscadores de votos.E como ave de arribação,tempos bons eles vem,tempos maus eles vão.O antídoto para esta situação,só talves,o distritão.Abraços

    ResponderExcluir

POLÍTICA DE COMENTÁRIOS DO MMC
1 – O MMC não publicará comentários ofensivos, que contenham termos de baixo calão ou que atinjam reputações pessoais. A livre manifestação do pensamento será garantida, mas não poderá atentar contra princípios éticos.
2 – Comentários anônimos serão aceitos, desde que observadas as ponderações acima expostas.
3 – Comentários que contenham ameaças aos colaboradores do MMC e a qualquer outro cidadão poderão ser denunciados ao Ministério Público.
4 – Caso algum comentário desrespeite as regras acima expostas o moderador poderá, se solicitado por e-mail, explicar os motivos pelos quais não foi publicado.
5 – Comentários com denúncias sem provas ou que reproduzam boatos não serão publicados, salvo se houver identificação do autor.
6 – Não serão publicados comentários que façam propaganda positiva ou negativa de representantes públicos, partidários e afins com objetivos eleitoreiros.
Em caso de qualquer dúvida, sugestão ou reclamação o e-mail do MMC é: movimentomudacapelinha@gmail.com